Nagila Oliveira da Cruz | Franciele Cascaes da Silva | há 2 anos
Introdução: A alopecia androgenética masculina AAG, popularmente conhecida como calvície, é uma doença autoimune onde há a diminuição dos folículos pilosos e alterações no ciclo capilar, que levam a perda gradual de cabelo em diferentes regiões da cabeça. Inicia na juventude, com a conversão da testosterona em diidrotestosterona (DHT) por conta da enzima 5-alfa-redutase, que leva a degradação da bainha dos folículos pilosos, onde os fatores que podem desencadear o processo são genéticos, hormonais ou por hábitos de vida do indivíduo. Essa disfunção pode acometer mulheres também, porém em graus mais brandos. Objetivo: Descrever os benefícios obtidos através da técnica de microagulhamento e mesoterapia capilar associado a fatores de crescimento no tratamento e suporte da alopecia androgenética masculina por meio de uma revisão bibliográfica. Métodos: A busca foi realizada nas bases de dados Google Scholar, Lilacs e SciELO. Foram incluídas publicações dos últimos 10 anos (2010 - 2020), selecionadas por clareza, atualidade e originalidade. Resultados: As técnicas selecionadas para estudo foram o microagulhamento e a mesoterapia capilar, associadas aos fatores de crescimento. Dentre os casos clínicos selecionados para comparação, todos apresentaram algum grau de melhora da AAG, variando de acordo com o nível de calvície, número de sessões realizadas e associação das técnicas de microagulhamento e mesoterapia, como também a inclusão dos fatores de crescimento. Conclusão: A partir dos resultados e informações obtidas, é possível concluir que a técnica de microagulhamento e mesoterapia capilar associadas a fatores de crescimento apresentam grandes vantagens e segurança como tratamento e suporte da alopecia androgenética masculina, onde a técnica de microagulhamento mostrou resultados mais satisfatórios.
Palavras-chave: Microagulhamento. Mesoterapia capilar. Alopecia androgenética masculina.
BENEFITS OF MICRONEEDLING AND CAPILLARY MESOTHERAPY ASSOCIATED TO GROWTH FACTORS IN THE TREATMENT OF MALE ANDROGENETIC ALOPECIA
ABSTRACT
Introduction: Male androgenetic alopecia (AGA), popularly known as baldness, is an autoimmune disease where there is a decrease in hair follicles and changes in the hair shaft, which lead to gradual hair loss in different regions of the head. It starts in youth, with the conversion of testosterone to dihydrotestosterone (DHT) due to the enzyme 5- alpha-reductase, which leads to the degradation of the sheath of hair follicles, where the factors that can trigger the process are genetic, hormonal or by habits of individual's life. This dysfunction can also affect women, but in milder degrees. Objective: To describe the benefits obtained through the microneedling technique and capillary mesotherapy associated with growth factors in the treatment and support of male androgenetic alopecia through a literature review. Methods: The search was carried out in the Google Scholar, Lilacs and SciELO databases. Publications from the last 10 years (2010 - 2020) were included, selected for clarity, timeliness and originality. Results: The techniques selected for the study were microneedling and capillary mesotherapy, associated with growth factors. Among the clinical cases selected for comparison, all showed some degree of improvement in AGA, varying according to the level of baldness, number of sessions performed and the association of microneedling and mesotherapy techniques, as well as the inclusion of growth factors. Conclusion: From the results and information obtained, it is possible to conclude that the microneedling technique and capillary mesotherapy associated with growth factors have great advantages and safety as a treatment and support for male androgenetic alopecia, where the microneedling technique has shown more satisfactory results.
Key-works: Microneedling. Capillary mesotherapy. Male Androgenetic alopecia.
INTRODUÇÃO
Com o crescimento da área de estética e a valorização da imagem pessoal, a preocupação com a beleza, principalmente a facial, ganha espaço. Além das técnicas de harmonização facial, que busca o efeito “top model” no rosto, o cabelo também se torna símbolo da aparência (CAVALCANTI, 2015).
A Alopecia é uma doença autoimune que leva a perda gradual e progressiva de cabelo em diferentes regiões da cabeça. Essa disfunção existe de diversas formas, como a alopecia androgenética (AAG), alopecia de tração, areata, alopecia cicatricial, emocional, seborréica, tricotilomania, clareira, congênita, minuciosa, difusa, eflúvio telógeno (queda de cabelo transitória após grandes traumas, como queimaduras, procedimentos cirúrgicos e acidentes), dentre outros (RIVITTI, 2018; BOMBACINI & LUBI, 2017). Segundo Carvalho (2014), os meios para perda capilar são queda excessiva de fios e/ou inoculação dos folículos pilosos.
A influência genética causada com a alopecia possui relação com o cromossomo X, especificamente a região do gene AR, se caracterizando como uma doença autossômica influenciada pelo sexo. Portanto, se o pai ou a mãe do indivíduo desenvolverem alopecia, a probabilidade de ter é de 50%, e se ambos tiverem a probabilidade passa para 75%. Quando relatamos o caso de um homem, o gene X será portado da mãe, pois o pai será responsável por doar o Y (MOURA & FONSECA, 2020).
Desse modo, conhecida popularmente como calvície, a alopecia androgenética resulta da diminuição dos folículos pilosos e alterações no ciclo capilar, levando a queda dos fios. Apesar de atingir ambos os sexos, é mais prevalente no sexo masculino, onde cerca de 50% dos homens acima de 50 anos desenvolvem e 80% acima dos 70 anos, podendo se apresentar desde os 15 anos. Portanto, é uma das disfunções dermatológicas e estéticas que mais gera queixa em consultórios, onde a procura por soluções eficazes e não invasivas são necessárias (MULINARI–BRENNER et al, 2011; REBELO, 2015). Os fatores relacionados a ocorrência da queda podem ser genéticos, hormonais ou por hábitos do indivíduo, como uma alimentação desbalanceada e estresse cotidiano excessivo (BOMBACINI & LUBI, 2017; SANTANA et al, 2017).
Segundo Pereira (2016) e Brenner (2011), a análise dos tecidos e composição da derme humana, é necessária para que se compreenda qual é o nível de alcance que a alopecia pode causar. A estrutura e base em que o pelo se acomoda, dita as diversas formas que o próprio cabelo se comportará na disposição e recebimento de hormônios e proteínas. Os pelos são estruturas extremamente delgadas que tem origem numa invaginação no folículo piloso, que é extremamente vascularizado, sendo necessário destacar ainda que, a estrutura capilar é dividida em três segmentos que são: a medula, o córtex e cutícula (PEREIRA, 2016; BRENNER, 2011).
Cavalcante (2015) descreve que a unidade anatômica básica do pelo se chama folículo piloso, localizado na derme e conectado a um músculo eretor. A papila dérmica, parte inferior do pelo, intermedeia o fluxo sanguíneo até a extremidade do fio. A parte inferior do folículo, o bulbo, contém a papila de tecido conjuntivo (papila dérmica), formada por fibroblastos que controlam a matriz e tamanho dos fios. Desse modo, cada folículo faz em média de 10 a 20 vezes o ciclo capilar durante a vida.
O número de folículos pilosos é fixo, havendo entre 100 e 150 mil e não ocorre a formação de novos folículos na fase adulta. Para análise da ocorrência de alopecia ou simplesmente uma redução da produção e síntese do corpo humano de pelos, é necessário que se analise três fases de crescimento, que são (i) fase anágena ou de crescimento, em que há diversos estímulos na produção de pelos de cabelos; (ii) a fase catágena, que já apresenta características de regresso e se observa um comportamento do epitélio com evolução de um folículo piloso; (iii) fase telógena ou de repouso, onde desencadeia o desprendimento do cabelo. Essa análise é essencial para compreender se a perda ou não síntese de cabelo é advinda de uma condição de saúde ou simplesmente de idade (PEREIRA, 2016; FILHO, 2011).
Assim, de acordo com Filho (2011) e Cirillo (2016), o mecanismo da alopecia androgênica tem início na juventude com a produção de testosterona que, quando atinge o couro cabeludo de pacientes com tendências hereditárias a calvície, é transformada em diidrotestosterona (DHT) por conta da enzima 5-alfa-redutase. Quando ocorre a degeneração da bainha dos folículos anágenos promovida pela ação da DHT, o ciclo de crescimento do cabelo reduz progressivamente. Porém, se atingir o tecido conjuntivo, esse processo se torna irreversível.
Como solução, a técnica de microagulhamento se destaca por ser segura e eficaz, agindo a partir de perfurações no estrato córneo que estimulam a liberação de fatores de crescimento, colágeno e elastina, melhorando a circulação local, permitindo um resultado satisfatório no tratamento da alopecia androgenética, principalmente quando associada a mesoterapia capilar e fatores de crescimento que auxiliam no crescimento e fortalecimento dos fios (GRIGNOLI et al, 2015; GUIMARÃES & NETZ, 2012; HERREROS et al, 2011; PIRES & FINKEL, 2017).
Portanto, esse trabalho objetiva descrever a partir de uma revisão de literatura os benefícios da técnica de microagulhamento e mesoterapia capilar associado a fatores de crescimento no tratamento e suporte da alopecia androgenética masculina.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica a partir de livros e artigos científicos. A busca foi realizada nas bases de dados Google Scholar, biblioteca Scientific Electronic Library Online (SciELO), e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nas bases de dados Literatura Latino–Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram incluídas publicações dos últimos 10 anos (2010 - 2020), selecionadas por clareza, atualidade e originalidade. Foram utilizados os seguintes descritores: microagulhamento, mesoterapia capilar, alopecia androgenética masculina, fatores de crescimento.
Após o levantamento bibliográfico, foi realizada leitura de todo material e as principais informações foram compiladas. Posteriormente foi realizada uma análise descritiva delas, buscando estabelecer uma compreensão e ampliar o conhecimento sobre o tema pesquisado e elaborar os pontos apresentados nos resultados e discussões.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Técnica de microagulhamento
O instrumento utilizado no microagulhamento consiste em um rolo cheio de agulhas de aço inoxidável ou titânio, com espessura fina e diâmetro variado. Para tratar, ocorrem várias perfurações no estrato córneo, que estimula a liberação de fatores de crescimento, colágeno e elastina. Dessa forma, o microagulhamento melhora a circulação local e o aspecto tecidual da derme, levando a resultados satisfatórios e rápidos, com baixo custo e reduzidos efeitos colaterais. Entre os efeitos adversos possíveis estão dores, dermatite, disposição para sangramentos e diversas hemorragias decorrentes. Contudo, é necessário que o profissional seja qualificado, pois a aplicação errada da técnica pode levar a introdução errada da agulha, gerando desconforto e maior tempo de recuperação (GRIGNOLI et al, 2015; PIRES & FINKEL, 2017). Como apontado por Arora e Gupta (2012), outro equipamento bastante utilizado no microagulhamento é o dispositivo manual conhecido como Dermapen, um equipamento automatizado, elétrico, que possui agulhas descartáveis.
Segundo Borges e Scorza (2016), o equipamento elétrico ou caneta elétrica de microagulhamneto possui sistema de regulagem das agulhas que variam entre 0,25mm a 2mm sendo ajustada de acordo com cada disfunção estética. Esse equipamento permite o uso de cartuchos com diferentes quantidades de microagulhas muito finas, a quantidade de agulhas pode variar de 2, 3, 7, 12, 36 agulhas, um número inferior a quantidade de agulhas utilizadas no Dermaroller. Sendo indicado um número maior de agulhas para que se obtenha um trauma mais uniforme. O equipamento deve ter registro na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), onde garante a qualidade e segurança do equipamento, das agulhas utilizadas, evitando contaminações e complicações.
Entretanto, segundo Arora e Gupta (2012), para o uso do dispositivo elétrico é necessário conhecimento e habilidade do profissional, mesmo não sendo necessária a pressão manual, a técnica e o direcionamento do agulhamento só pode ser executada por profissional da área. O equipamento Dermapen permite que seja aplicada em áreas mais difíceis, como região capilar.
O mecanismo indutor da técnica pode ser dividido em (i) indução percutânea do colágeno, perfurando o tecido para estimular liberação de plaquetas e neutrófilos que liberam fatores de crescimento atuantes nos queratinócitos e fibroblastos; (ii) cicatrização, substitui os neutrófilos por monócitos e há angiogênese, epitelização e proliferam os fibroblastos, estimulando o colágeno tipo III e elastina; e (iii) maturação, substitui o colágeno para o tipo I com ação mais prolongada (BOMBACINI & LUBI, 2017).
Segundo Grignoli et al (2015), o método aplicado na região capilar leva a passagem do rolo de 15 a 20 vezes pela pele, nas direções horizontais, verticais e diagonais, no tempo de 15 a 20 minutos de sessão. Há necessidade de intervalos entre as sessões, com cerca de seis semanas, para que o colágeno tenha tempo de ser estimulado. Sendo reconhecida como uma técnica de baixo custo, que é frequentemente usada em cicatrizes, principalmente, em acnes e rejuvenescimentos, a abordagem também pode ser utilizada para administração de alguns fármacos específicos. Combinando-se determinados estímulos com a manipulação em administração de determinadas drogas, a difusão no meio estético foi mais notória. Assim, é necessário que o comprimento da agulha seja limitado à derme superficial, para que a resposta inflamatória seja limitada e não cause um comprometimento (COSTA, 2016).
Existem cinco fatores de crescimentos utilizados no processo, que estão em subsequência:
a) Novos folículos com matriz extracelular abundante: auxilia no crescimento e permanência dos fios;
b) Aumento do bulbo capilar: ação de fortalecimento;
c) Aumento da mitose folicular: auxilia no crescimento dos fios;
d) Angiogênese capilar: síntese de novos capilares sanguíneos para novos folículos, ajudando na nutrição e vitalidade;
e) Inibição da enzima 5-alfa-redutase;
Para Santos (2017), a possibilidade da combinação de determinadas técnicas no que concerne à manipulação de ativos juntamente ao processo de microagulhamento, é um ponto benéfico relevante, pois quando combinados diversos outros métodos, o estímulo ao crescimento do couro cabeludo e fortalecimento da pele, bem como à vascularização e queratinização da área em que se encontra o couro cabeludo, se torna muito mais facilitado. Benefícios esses que são importantes para pessoas com idade avançada, visto a pouca síntese que o próprio corpo proporciona, sendo necessário que esses estímulos e ajuda de tal metodologia, seja presente na construção e propulsão de um crescimento saudável e natural do couro cabeludo.
A não necessidade da manipulação de medicamentos orais demonstra-se como outro ponto, por Silva e Magnus (2018), consideravelmente vantajoso para a utilização do meio com agulhamento no tratamento da alopecia, visto as influências hormonais que a manipulação de medicamentos pode ocasionar.
Segundo Pires e Finkel (2017), determinados casos apresentam contraindicação para a realização de tal procedimento como câncer de pele, ceratose solar, verrugas, infecção de pele, uso de anticoagulante, quimioterapia, radioterapia ou corticoides, pacientes com diabetes mellitus não controladas, psoríase, presença de fungos ou bactérias e lesões no couro cabeludo. Ainda, há risco de hipercromia, agravamento de feridas abertas, lesão em herpes e acne, hipersensibilidade da pele, má cicatrização e alergias. Dessa forma, deve ser evitado para gestantes, pacientes com síndrome de cushing, históricos de má cicatrização, diabéticos, que utilizam anticoagulantes ou roacutan (isotretinoína), além de evitar o uso de capacetes pois geram atrito no local (CARRILLO et al, 2016). Portanto, a análise do profissional deve ser cuidadosa para que a aplicabilidade da área e análise dos resultados sejam feitas de forma clara e sucinta, evitando intercorrências e desconfortos do paciente.
Mesoterapia capilar
A mesoterapia capilar consiste, segundo Herreros et al (2011), em injeções intradérmicas na região de tratamento, com substâncias diluídas, estimulando o tecido por conta da perfuração e da ação farmacológica, tendo uma vantagem semelhante ao microagulhamento de não necessitar de medicamentos sistêmicos. A derme torna-se um reservatório das substâncias aplicadas, que agem lentamente nos receptores e ativam a unidade de microcirculação. Essa técnica pode ser utilizada também no tratamento de condições inestéticas, dermatoses e patologias dolorosas.
As substâncias mais utilizadas para aplicação são: minoxidil, finasterida, dutasterida, biotina, vitaminas e silício orgânico, podendo estar sozinhas ou em conjunto, chamado de mélange. O método de injeção varia muito nas literaturas presentes, podendo ser perpendicular ou em ângulo de 30º a 60º. A agulha deve penetrar no máximo 4 mm de profundidade dérmica, utilizando-se muito a agulha de Lebel que possui esse comprimento adequado. Além das agulhas e seringas, existe também um equipamento sofisticado chamada pistola de mesoterapia, que possui injetores eletrônicos que possibilitam quantificar o volume e profundidade das injeções, com a desvantagem se ser mais difícil de esterilizar (FRANO e TASSINARY, 2018; HERREROS et al, 2011).
Entre as substâncias utilizadas na técnica, duas se destacam mais, por terem melhores resultados registrados: finasterida e minoxidil. A finasterida é um hormônio antiandrogénio que inibe a conversão de testosterona e DHT, impedindo a miniaturização dos folículos pilosos. Por outro lado, o Minoxidil diminui a resistência vascular periférica ao relaxar a musculatura das arteríolas (BRANDÃO e SEI, 2020).
Algumas complicações associadas ao uso da técnica são esclarecidas por Silva (2017), podendo ocorrer uma contaminação local, problema de hiperpigmentação, reação alérgica ou adversa da substância aplicada, necrose ou uma alopecia secundária, resultantes de um preparo inadequado da região ou do produto estar previamente contaminado.
Fatores de crescimento
Para auxiliar o tratamento com o microagulhamento e mesoterapia capilar, a aplicação de fatores de crescimento são associações eficazes. Como descrito por Guimarães e Netz (2012), esses fatores são citocinas, proteínas produzidas pelas células com função de comunicação celular. Essa produção normalmente ocorre em uma taxa normal, que garante a homeostasia, e como ação pode levar ao crescimento celular, estimulando a divisão que leva a criação de células e vasos sanguíneos novos. Ainda, como descrito por Marques et al (2016), os fatores de crescimento que incentivam os folículos pilosos mais comuns são o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF), fator de crescimento insulínico (IGF) e fator de crescimento de fibroblastos (FGF).
Como descrito por Valiatti (2010), o VEGF estimula a angiogênese, que é a formação de novos capilares sanguíneos perto da raiz dos folículos pilosos, permitindo que os fios cresçam mais nutridos e saudáveis, além de impedir a queda por apoptose endotelial. O IGF atua como um regulador mitogênico, estimulando o crescimento e proliferação capilar, remodelação de tecidos e regulação do ciclo capilar (WEGER & SCHALAKE, 2005). Ademais, como relatado por Barros et al (2013), o FGF atua na cicatrização, agindo como mitogênico, quimiotáxico e regulador da síntese proteica. Além disso, os fibroblastos terão ação indireta no estímulo do colágeno e como fator angiogênico no endotélio capilar.
Associação do microagulhamento e mesoterapia capilar com os fatores de crescimento
O relato de caso realizado por Brandão e Colpo (2020) apresenta o uso do microagulhamento associado a Minoxidil e aos fatores de crescimento VEGF, FGF, IGF, peptídeos de cobre 25 mg/25 ml, procaína 0,7 %, N-Acetilcisteína 1 %, silício orgânico 0,1%, D-pantenol 1,5% e crisina 60 mcg. O paciente de 41 anos foi submetido a 4 sessões com o roller da Derma Roller System de 1,5 mm. Ao final das sessões, foi possível observar grande melhora na área central da cabeça, deixando os fios mais densos e resistentes, apresentando resultados satisfatórios.
O estudo realizado por Fischer et al (2020), apresenta o caso de um homem com 26 anos, utilizando novamente o microagulhamento associado a fatores de crescimento e ao óleo essencial de cedro da virginia, mais alguns ativos para o fortalecimento dos fios. Ao fim de doze sessões, foi realizado o registro final e avaliado os resultados obtidos, onde foi possível notar uma melhora no crescimento dos fios existentes e crescimento de novos fios, porém não tão efetiva quanto outras técnicas existentes no mercado. Contudo, o microagulhamento tem como vantagem tratar a disfunção com segurança e sem os efeitos colaterais causados por uso de remédios diários.
O estudo de Rocha (2017) apresentou a técnica de microagulhamento associada a terapia capilar no tratamento da alopecia androgenética em um voluntário de 65 anos, a partir de sessões semanais pelo período de três meses. A terapia capilar é realizada a partir de princípios ativos que auxiliam a reduzir a queda capilar, sendo um cofator interessante para tratamento. Porém, a técnica não se mostrou satisfatória, causando uma pequena diferença de crescimento capilar do couro cabeludo, sendo necessários novas sessões ou outras técnicas associadas.
O caso clínico de Contin (2016), realizou o uso do tratamento por microagulhamento associado a Minoxidil em dois pacientes. O primeiro, homem de 30 anos, que já havia feito outros tratamentos anteriormente, mas parou por falta de resposta e diminuição da libido. Foram realizadas quatro sessões mensais, com o uso do microagulhamento e infusão de Minoxidil. O segundo, homem de 44 anos, também estava tratando com Minoxidil há dois anos, porém sem melhoras aparentes. Para este, foram realizadas três sessões de microagulhamento, sem a infusão de medicamentos. Ambos apresentaram resultados satisfatórios, tendo como desvantagem da técnica a dor causada e o longo período para alcançar uma melhora significativa, porém não possui efeitos colaterais associados. Além disso, foi possível observar que a associação com o Minoxidil apresentou mais eficácia.
A partir das informações obtidas na revisão de artigos, relacionadas às técnicas de tratamento para a alopecia androgenética masculina e aos estudos de casos encontrados, que possibilitam uma comparação dos resultados, a técnica de microagulhamento apresentou grandes vantagens, principalmente por não causar efeitos colaterais. Os pacientes e profissionais que participaram dos estudos selecionados mostraram satisfação com os resultados obtidos no período, apesar de que em alguns casos a melhora não foi tão significativa quanto o esperado.
Para cada paciente, o efeito e o resultado variam, cabendo ao profissional biomédico ou esteta avaliar a melhor metodologia a ser utilizada, a partir de uma anamnese prévia e conhecimento dos tratamentos já realizados e sensibilidades do paciente. Avaliar o nível da calvície também é importante, para poder ter um comparativo com demais casos semelhantes, servindo de parâmetro para a avaliação final dos resultados, podendo realizar a partir de fotos ou escalas conhecidas, como a escala de Norwood-Hamilton e seus 7 graus variados de calvície.
As vantagens apontadas pela técnica se relacionam com o fato de não causar efeitos colaterais, como aquelas que se baseiam no uso tópico de medicações, onde o paciente pode sofrer com reações ou efeitos, a exemplo da relatada falta de libido causada pelo uso oral prolongado de Minoxidil. Porém, a técnica pode apresentar uma demora para o início do efeito de crescimento capilar, necessitando de muitas sessões, variando com a evolução que o paciente apresenta, além de causar um desconforto que pode não ser recomendável para pacientes muito sensíveis a dor.
CONCLUSÃO
A alopecia androgenética (AAG) masculina é uma disfunção estética que acomete 50% dos homens acima de 50 anos, onde a queda de fios ocorre pela redução dos folículos pilosos e alterações do ciclo capilar. Apesar de não haver estudos que indiquem um tratamento ideal ou superior, o uso do microagulhamento se destaca por ser uma técnica que não necessita de uso tópico de medicações, se baseando na melhora da circulação e oxigenação, além de ajudar na permeabilidade de ativos capilares. A mesoterapia associada, a partir da injeção de Minoxidil, substância mais utilizada nos estudos analisados, permite a observação de melhores resultados, assim como a associação com fatores de crescimento que melhoram o crescimento e fortalecimento dos fios. Para remediar os casos em que o efeito não foi tão satisfatório quanto o esperado pelo paciente, a associação com outras técnicas e aditivos, como também o aumento do número de sessões, pode ser o indicado. Ainda, é importante salientar que cada paciente terá um resultado diferente do outro, variando o nível de crescimento capilar alcançado.
Por isso, novos estudos devem ser realizados para confirmar a eficácia da técnica, assim como a elucidação da quantidade de sessões e intervalos recomendados. Além disso, as literaturas presentes ainda não trazem de forma ampla os malefícios da técnica, focando na demora de resultados e desconforto apenas. Os benefícios também necessitam ser mais explorados, para uma valorização e reconhecimento da metodologia, pois se apresenta uma técnica muito promissora para tratamento de AAG.
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